Layout - Gaffe
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Pedro tem oito anos e foge de casa com um relógio e um saco de biscoitos. Não sabe bem do que foge (talvez da dor, do medo, da doença, da morte). Pelo caminho, encontra personagens que parecem saídas de uma fábula e, através delas, fragmentos de respostas. Cada encontro é uma janela para o mundo e para o coração de um menino que só quer voltar a sentir‑se inteiro.
Senti todas as emoções com ele. A confusão, o silêncio, o peso no peito. Lembrei‑me de quando tinha nove anos e perdi a minha avó paterna, das perguntas que não sabia fazer, das respostas que ninguém me podia dar.
A narrativa é simples, como os pensamentos de uma criança, e está cheia de lengalengas infantis que fazem todo o sentido dentro do universo do Pedro.O final não é o que imaginamos, é mais calmo, mais verdadeiro, mais íntimo. Toca-nos com uma serenidade emocional que nos aquece e dá esperança.
A jornada de Pedro tem também algo de místico — chega ao fim‑do‑mundo “sem dar conta das horas”, como se atravessasse um espaço onde o tempo e a dor se dissolvem. Há algo de fábula e de cura nessa travessia.
Não dei 5 estrelas porque, apesar da emoção, senti que a história poderia ter sido mais contida em extensão.Há momentos em que perde impacto. Ainda assim, é um livro que toca fundo e fica connosco.
Este é um livro sobre o luto que não se sabe dizer, aquele que vive no silêncio de uma criança que ainda não aprendeu a perder.
Gostei. Fez-me emocionar e voltar à infância.
Já te emocionaste com um livro como se fosse contigo?
Gosto de ler porque me faz desligar. Da pressa. Das vozes. Dos pedidos constantes de atenção.É quando me perco num livro que encontro um silêncio bom, um espaço meu — onde o tempo se estica e a mente respira.Mas, ultimamente, até esse refúgio parece menos imune.As redes sociais não param. Pedem, puxam, exigem. Mais presença, mais conteúdo, mais rapidez.Nem sempre mais qualidade.E isso pesa.
Até o que é leve começa a cansar. Até o prazer da leitura sofre pequenas interrupções invisíveis, ruídos constantes que nos distraem do essencial. Ler devia continuar a ser isso: um desligar inteiro, um estar por completo. Talvez o desafio esteja em reaprender a proteger esse espaço.E não permitir que a urgência lá fora nos roube a paz cá dentro.