Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



O Sono dos Culpados, de Fábio Ventura

por editepf, em 08.07.25

Livros lidos_20250708_194407_0000.png

No isolado Hotel Royal Enigma, uma equipa de filmagens fica presa após um fenómeno estranho e inquietante: um som ensurdecedor, semelhante a gritos, que deixa todos inconscientes. Ao acordar, descobrem que estão isolados, sem comunicações e rodeados por corpos adormecidos que não despertam.

Valentim, Jonas, Antoinette, Serena, Ângelo, Dante e Tadeu enfrentam não só o mistério do som e do isolamento, mas também os seus próprios segredos e culpas — ameaças invisíveis que pesam como sombras.

A escrita é direta e envolvente, com uma tensão constante que prende o leitor do início ao fim. Apesar de achar algumas passagens repetitivas, creio que essa persistência reforça o ambiente opressivo e a inquietação interna das personagens.

O final (de que não se está à espera) é inquietante e permanece connosco, muito depois da última página.

Em suma, é um thriller psicológico intenso e envolvente que explora o mistérios dos fantasmas da culpa e da consciência.

Gostei muito desta leitura. 

Já leste? Como foi a tua experiência com este livro?

Tudo pela minha mãe, de Celina Lopes

por editepf, em 06.07.25

5_20250706_151812_0004.png

Pedro tem oito anos e foge de casa com um relógio e um saco de biscoitos. Não sabe bem do que foge (talvez da dor, do medo, da doença, da morte). Pelo caminho, encontra personagens que parecem saídas de uma fábula e, através delas, fragmentos de respostas. Cada encontro é uma janela para o mundo e para o coração de um menino que só quer voltar a sentir‑se inteiro.

Senti todas as emoções com ele. A confusão, o silêncio, o peso no peito. Lembrei‑me de quando tinha nove anos e perdi a minha avó paterna, das perguntas que não sabia fazer, das respostas que ninguém me podia dar. 

A narrativa é simples, como os pensamentos de uma criança, e está cheia de lengalengas infantis que fazem todo o sentido dentro do universo do Pedro.O final não é o que imaginamos, é mais calmo, mais verdadeiro, mais íntimo. Toca-nos com uma serenidade emocional que nos aquece e dá esperança.

A jornada de Pedro tem também algo de místico — chega ao fim‑do‑mundo “sem dar conta das horas”, como se atravessasse um espaço onde o tempo e a dor se dissolvem. Há algo de fábula e de cura nessa travessia.

Não dei 5 estrelas porque, apesar da emoção, senti que a história poderia ter sido mais contida em extensão.Há momentos em que perde impacto. Ainda assim, é um livro que toca fundo e fica connosco.

Este é um livro sobre o luto que não se sabe dizer, aquele que vive no silêncio de uma criança que ainda não aprendeu a perder.

Gostei. Fez-me emocionar e voltar à infância.

Já te emocionaste com um livro como se fosse contigo? 

Primeiro Semestre 2025:

O Prazer de Ler

por editepf, em 03.07.25

unnamed.jpg

Li muito, li pouco, li quando quis e quando não quis.
No fim, o que fica é o hábito — ler é sempre continuar a viver.

Como avalio os livros que leio

por editepf, em 01.07.25
Sempre que termino um livro, gosto de o avaliar com base em 6 categorias que, para mim, fazem toda a diferença numa boa leitura:  Enredo e ação, Personagens, Estilo de escrita, Originalidade, Impacto emocional e Final. Cada uma destas categorias recebe uma pontuação de 1 a 5 estrelas️ e depois obtenho a média. 

Nem sempre um livro precisa de brilhar em tudo para me conquistar… e, quando várias destas áreas se destacam, é quase certo que vai ficar comigo por muito tempo.️

E tu, costumas avaliar os teus livros? Que critérios usas?

Uma vida incrível e maravilhosa, de Emily Henry

Verão cheio de mistério e emoções

por editepf, em 30.06.25

1000086076 (1).png

Este foi o primeiro livro que li da Emily Henry e, apesar de um arranque mais lento, acabou por me conquistar. Alice e Hayden encontram-se numa ilha paradisíaca para escrever a biografia de Margaret Ives, uma mulher envolta em mistério e segredos profundos.
Com uma narrativa que intercala passado e presente, o livro explora a rivalidade entre os protagonistas, que querem ser escolhidos para escrever a história da Margaret, e acrescenta uma camada extra de interesse com a revelação gradual de segredos. 
O final recompensa quem persiste numa leitura que começa mais calma, mas que se revela perfeita para um verão cheio de mistérios e emoções. 
 
E tu, já leste algum livro da Emily Henry? Qual é o teu favorito?

Livros lidos_20250626_103841_0000.png 

Ao início, confesso que me custou entrar na história. A narrativa cruza três tempos temporais, e demorou um pouco até conseguir encontrar o fio certo entre as memórias, os relatos e o presente. Mas quando me deixei embalar pelas vozes das personagens — Irene, Serafim, Helena — tudo passou a fluir com uma melodia própria, como um fado bem cantado: com pausas, com dor, com verdade.

No Tempo das Cerejas, é mais do que um romance de ficção com elementos históricos. É um mergulho na Lisboa do antes e depois da Segunda Guerra Mundial, nos segredos que as mulheres guardaram durante gerações, e nas amarras sociais que tantas vezes as silenciaram.

Senti-me nas ruas de Alfama, numa taberna lotada, a ouvir confidências que atravessam décadas. A escrita é bela e imersiva, e a recriação da época — dos anos 20 aos 50 — é feita com rigor e paixão.

Irene é uma força da natureza. Uma mulher que ousou ser o que quis, numa altura em que isso era quase um pecado. E Serafim, o nosso repórter sensível e discreto, dá-nos o olhar de quem escuta sem julgar.

É uma história de amizade feminina, amores proibidos, vinganças e escolhas difíceis. Também é uma reflexão sobre o papel da mulher numa sociedade que a queria muda e submissa.

E, com a calma própria das histórias bem contadas, o final surpreendeu-me de forma inesperada.

Gostei muito.

Já conhecias este livro? 

 

Quando um livro infantil fala mais alto que muitos adultos...

 Uma Catastrófica Visita ao Zoo, de Joël Dicker 

por editepf, em 24.06.25

 

unnamed.png

 
Tinha de o ler. É Dicker, claro. E surpreendeu-me. 
 
Uma visita ao zoo, um desastre, anos de silêncio… e uma criança que, já adulta, decide contar tudo. 
Gostei muito da leveza e do humor da narrativa, assim como da forma como o autor trata temas importantes como democracia, inclusão e diversidade. 
Sei que o autor escreveu esta história com a intenção de ser lida por adultos a crianças ou jovens, e a mensagem funciona bem nesse registo. 
 
Agora, a minha reflexão. 
 
No formato em que o livro está, creio que a ideia do Joël é, na verdade, mais para os adultos lerem (ou confirmarem se leem) estas histórias e mensagens — um convite à reflexão e à empatia que talvez nem todos exercitam tão frequentemente. 
E essa perspetiva vai mesmo ao encontro da ideia de José Saramago, que defendia que os adultos deveriam ler livros infantis por si mesmos, para reaprender valores simples e essenciais. Como ele escreveu: 
 
“E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar ? ". 
 
Em resumo, sinto que fui um pouco enganada aqui. Porquê? Porque este livro não corresponde ao estilo habitual do Joël, que costuma ser mais direto. Ao longo da leitura, deparei-me com um tom de ironia divertida e subtil que me levou a questionar quem será, afinal, o público-alvo desta obra. A mensagem parece estar escrita de forma a captar a atenção dos mais novos, mas ao mesmo tempo provoca uma reflexão profunda nos adultos, quase como um convite para estes olharem para si próprios através dos olhos das crianças. 
É um livro que nos desafia a pensar, a sorrir com cumplicidade e a dar voz às pequenas vozes — aquelas que tantas vezes são ignoradas, mas que, na realidade, têm muito a dizer e, por vezes, até têm mais razão do que os adultos.
 Já conheciam este lado do Joël Dicker?

Um Retrato Intenso da Solidão no Quotidiano Familiar

Renascer, de Andreia Ferreira

por editepf, em 22.06.25

 

unnamed (1).png

Renascer mergulha no universo emocional de Luz, uma mulher que se perdeu de si mesma enquanto tentava manter tudo à sua volta a funcionar. Entre o emprego, as tarefas domésticas, a distância emocional do marido e os comportamentos cada vez mais estranhos do filho, Luz sente-se sozinha dentro da própria casa. A descoberta de uma nova gravidez traz à superfície medos profundos e a sensação crescente de que algo está errado — com a sua vida, com a sua mente, talvez até com a sua realidade.
Os personagens são vívidos e inquietantes, em especial Luz, cuja voz narrativa é honesta, crua e, por vezes, perturbadora. 
A autora explora com sensibilidade temas como a saúde mental, o burnout materno e a invisibilidade feminina dentro do casamento. Chico, o marido ausente mas “perfeito” aos olhos dos outros, e Diogo, o filho com um comportamento cada vez mais sombrio, intensificam o clima de tensão psicológica. A leitura é envolvente e desconcertante, com momentos em que sentimos a angústia de Luz como se fosse nossa.
Sem revelar demasiado, o final de Renascer traz uma viragem inesperada que desafia o leitor a repensar tudo o que foi lido até ali. 
Um livro que me surpreendeu pela profundidade e pela coragem com que trata temas pouco falados, e que convida à reflexão sobre o que é, afinal, "renascer".
 
E tu, já leste Renascer? Sentiste empatia por Luz ou o livro levou-te a olhar de outra forma para o quotidiano feminino?

O Amor Mora Aqui, de Jojo Moyes

por editepf, em 21.06.25

unnamed (2).png

Em O Amor Mora Aqui, Jojo Moyes apresenta-nos Lila, uma mulher que vive no meio do caos emocional e logístico da “geração sanduíche”: entre cuidar das filhas, de um pai adotivo idoso e lidar com um ex-marido, ela ainda tenta manter a sua carreira criativa de escritora à tona. A história desenrola-se com humor, ternura e algumas reviravoltas inesperadas, que mostram como o passado pode bater-nos à porta quando menos esperamos – literalmente, com o reaparecimento do pai biológico de Lila após 35 anos de ausência.
Os personagens são o ponto alto do livro – todos têm profundidade, falhas e humanidade. Gostei particularmente da forma como Jojo Moyes constrói relações realistas, tensas, mas cheias de afeto. Soube, através da apresentação do livro com a autora, que muitos deles foram inspirados em pessoas reais, o que se nota na autenticidade com que enfrentam dilemas modernos. Como diz uma das personagens:
“Talvez seja isso que significa amar alguém: estar disposto a tentar, mesmo quando é mais fácil fugir.”
Uma frase que resume bem o tom do livro – sobre empatia, reconciliação e o esforço de manter quem amamos por perto.
O final é esperançoso, caloroso e reconfortante – daqueles que nos fazem sorrir e acreditar que, apesar de tudo, é possível recomeçar. 
Uma leitura que, acredito, tocará muitos leitores por reconhecerem um pouco de si nestas vidas tão reais.
 
E tu, já leste O Amor Mora Aqui? Que personagem ou momento mais te ficou na memória?

Uma Leitura Sensível sobre Amor, Identidade e Crescimento

Pessoas Normais, de Sally Rooney

por editepf, em 17.06.25

 

unnamed (3).png

 Pessoas Normais, acompanha Connell e Marianne, dois jovens irlandeses cujas vidas se entrelaçam da adolescência até à universidade. É uma história sobre intimidade, comunicação (ou a falta dela) e o impacto silencioso que temos uns nos outros. A escrita é contida, mas emocionalmente crua – Rooney capta com precisão os dilemas e inseguranças que marcam a transição para a vida adulta.

Gostei da leitura, sobretudo pela forma como a autora aborda temas importantes como saúde mental, classe social e a perceção que temos de nós próprios através dos olhos dos outros. Ainda assim, sinto que teria aproveitado mais este livro se o tivesse lido numa fase mais jovem – é claramente um romance que fala à juventude, às incertezas e ao sentir-se “deslocado” no mundo. A frase “A vida é longa, Marianne. Tu podes fazer o que quiseres” resume bem o espírito inquieto e esperançoso da história.
Não é um romance com grandes reviravoltas ou um final arrebatador, mas sim um retrato íntimo e realista do que significa crescer e amar.
 
E tu, já leste Pessoas Normais? Identificaste-te com algum dos personagens? Que impacto teve em ti?




Pesquisar

  Pesquisar no Blog