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"O Velho e o Mar" foi escrito em 1951, em Cuba, mereceu o Prémio Nobel da Literatura no ano de 1954, e eis senão quando este livrinho chegou ao meu correio (não, não recebi de nenhuma editora e, sim, recebi do grupo do livro secreto. O meu eterno agradecimento).

Em "Paris é uma Festa" fiquei com a ideia de que seria um livro de memórias do próprio escritor e n´" O Velho e o Mar" julguei que se trataria de uma metáfora utilizada para descrever as dificuldades da vida bem como a resiliência imprescindível para as vivenciar e ultrapassar. Mas depois conto melhor o que se passou.

 

O personagem principal é um velho pescador cubano, chamado Santiago, que ficou sem conseguir pescar um peixe durante 3 meses. Santiago tem a ajuda e apoio do jovem Manolin. Já em mar alto, lembra-se constantemente do jovem, pois já é velho e sente que já não tem a força de antes. Quando finalmente apanha um peixe enorme, trava uma luta, com o peixe, durante 3 dias e 3 noites, acabando cercado por tubarões. Com dores e feridas nas mãos, com fome e sede, sente que vai morrer ali, mas aguenta todos os "golpes" para levar o grande peixe consigo.

Durante esse tempo, o velho Santiago dialoga consigo mesmo, com o mar, com as aves, com o peixe, e sente a falta do seu jovem amigo Manolim, o qual lhe devota um grande respeito e lhe alivia o sofrimento imposto pela idade.

 

É, portanto, num estilo simples que é narrada esta história, cheia de termos ligados à pesca e à vida em alto mar. A narrativa é sobre o velho e sobre a vida no mar e é, a meu ver, muito convicente, direi antes um retrato fiel de alguém com quem Hemingway constumava pescar o peixe Marlim azul, alguém que se chamava Gregório Fuentes e que morreu 40 anos depois do escritor.

Portanto, nada mais lógico do que associar a história à própria vida difícil dos pescadores, bem como de todos os que precisam de coragem para enfrentar e superar as dificuldades. 

 

Mas há quem entenda as palavras de outra forma, associando: Hemingway ao velho pescador, o peixe ao seu talento literário e os tubarões aos críticos do seu trabalho; ou, ainda, à fé e à religião.

O que é certo é que o próprio Hemingway negou a existência de qualquer simbolismo quando afirmou que: "O mar é o mar. O velho é um velho. Os tubarões são tubarões, nem melhores nem piores".

 

Em "Paris é uma Festa" descreveu a obra como uma fição e em  "O Velho e o Mar" refere que não há simbolismo nenhum? Acham que voltou a baralhar os leitores?

A minha interpretação é a de que não. Para o escritor não há simbolismo para a Vida, ela é, e sempre foi, exatamente assim, tal como na história.  

As aves têm uma vida mais dura que a nossa, à excepção das de rapina e das muito fortes. Porque há passaros tão delicados e finos como essas andorinhas quando o oceano pode ser tão cruel? É gentil e muito belo. Mas sabe ser tão cruel e sê-lo tão de súbito que tais pássaros que voam e mergulham à caça, com as suas vozinhas tristes, são demasiado delicados para o amor.

 

1

O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway

Editado em 1952

Editora Livros do Brasil

 

 




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