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Nas apresentações de livros, os escritores são frequentemente questionados sobre o modo como encaram ou ocorre o processo de escrita. As respostas são variadas, pois cada escritor tem a sua maneira própria de o fazer e perante essa pergunta o mais certo é a resposta não ser a expetável.
Atendendo a que não podemos definir esse processo criativo de forma universal, lancei-me numa espécie de desafio e, como sou curiosa, procurei saber qual o "gatilho" que despoleta a escrita torrencial num escritor. Será a sua fúria? Será a sua racionalidade? Será a inspiração?
Em geral, pensamos num escritor como alguém que se isola e escreve durante semanas a fio e, depois de terminar o seu livro, é considerado um escritor consagrado. Nada mais inexacto. Um escritor tem algo e a obra não sai do nada, nem a inspiração sai como uma seta do cupido a atingir escritores, transformando-os em sabedores das letras.
Alguns escritores são misteriosos, outros têm vidas difíceis. Com sangue, suor e lágrimas, muitas das obras, mais conhecidas, nascem assim, isto é, de escritores cujas vidas e cujas personalidades se podem considerar "fora do normal".
Estou, mais concretamente, a referir-me aos escritores que sofreram (ou sofrem) de uma doença mental designada de transtorno bipolar, em que à fase de ânimo, energia e criatividade, se segue, sem qualquer explicação, o desânimo e a depressão.
Todos temos um traço maior ou menor deste transtorno na nossa personalidade, mas os casos mais célebres ou conhecidos são de escritores:
1.º Sylvia Plath
Poetisa desde os oito anos de idade, Sylvia Plath escreveu o romance "A Campânula de Vidro", sob o pseudónimo de Victoria Lucas, uma vez que referia detalhes da sua própria luta contra a depressão. A escritora que, com apenas oito anos de idade, havia perdido o seu pai, tinha alturas em escrevia dezenas poemas sem qualquer dificuldade e outras com tendências para o suicídio, o que veio de facto a acontecer quando tinha apenas 30 anos de idade.
2.º Anne Sexton
Outra poetisa americana notável (recebeu o prémio Pulitzer da Literatura em 1967) conhecida pela sua poesia confessional bastante pessoal, após uma depressão pós-parto, chegou a estar hospitalizada diversas vezes e, apesar de diagnosticado o transtorno bipolar, acabaria por se suicidar com a idade de 46 anos.
3.º Mark Twain
O conhecido escritor de "As aventuras de Tom Sawyer" e de "As aventuras de Huckleberry Finn", em 1896 na sequência da morte da mulher e das suas filhas, atravessou uma depressão profunda. Ele não chegou a pensar no suicídio mas terá escrito :"Eu cheguei com o Cometa Halley em 1835. Ele vai passar de novo ano que vem (1910), e espero ir embora com ele. Seria a maior decepção da minha vida se eu não fosse com o cometa". No ano do Cometa, concretizou-se a sua previsão ao morrer de ataque cardíaco.
4.º Juan Ramón Jiménez
Era conhecida a sua obsessão pela morte, dizendo-se que sofria de neurose. Com a morte da sua esposa entra numa depressão profunda, chegando inclusive a não comparecer à entrega do Prémio Nobel da Literatura em 1956 atribuido à sua obra "Platero e Eu". Dois anos depois também acabaria por morrer.
5.º David Foster Wallace
Conhecido escritor de "A Piada Infinita", sofria do transtorno bipolar com predominância da tendência depressiva. Tentou suicidar-se várias vezes até que conseguiu. Tinha 46 anos de idade.
6.º Herman Hesse
Escritor e pintor alemão, em 1946 recebeu o Prémio Goethe e pouco depois o Prémio Nobel de Literatura com a obra "O Lobo da Estepe". Porém, desde muito cedo, tentou o suicídio (com apenas 15 anos de idade). Os seus pais enternaram-no numa clínica mental, o que aumentou a sua tristeza. Morreu de hemorragia cerebral com 86 anos.
Poderiam ainda ser referidos muitos outros (incluindo portugueses), até porque uma percentagem alta desta doença encontra-se na profissão de escritor.
À laia de desafio, lanço a seguinte pergunta:
A criatividade estará de alguma forma relacionada com o transtorno bipolar ou com a depressão ou serão estas que originam uma maior criatividade?
Aproxima-se o dia 10 de junho altura em que o blogue O Livro Pensamento comemora um ano. Para mim é um dia muito especial e não posso deixar de expressar um certo sentimento de que cumpri o destino (espero). Sem dúvida que me desafiei ao máximo, embora sem certezas. A incerteza esmagou e doeu bastante (nem sequer sabia se aguentaria muito tempo o frenesim cibernético), mas custou mais a depressão e a falta de tempo. Aos poucos e poucos, fomentando os pensamentos positivos e divertidos, busquei vídeos e palavras inspiradoras. Já a tristeza, essa teimou em forrar a alma de angústia. É mesmo teimosa!!! Então surgiram palavras confusas e de delicada compreensão em brainstorm. O efeito positivo que a leitura me transmitiu, ao ler o que os outros escrevem, venceu a tristeza através do preenchimento de um vazio de incompreensão. Apesar de ainda não saber o futuro, acredito que vou sempre fazer mais e melhores leituras. A terapia dos livros, para cada momento em particular, permite muitas horas de alegria, de viagem e de mudança. Sei agora que conhecer os mistérios que cercam um escritor, as suas palavras, os seus estilos de escrita e os seus pensamentos, é algo difícil mas não impossível.
Felizmente o espírito aventureiro e misterioso dos livros de Agatha Christie fizeram com que saísse da minha zona de conforto e da rotina do dia-a-dia.Conheci bloggers. Discuti livros com o grupo da Roberta em Conversas Livráticas. Comentei o Pesadelo com a Magda. Arrisquei Livros Secretos com a Maria João. E conheci escritores, como Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz, Ondjaki, Nuno Camarneiro, Gonçalo M. Tavares e Augusto Cury.
Ernest Hemingway foi um grande escritor e deixou para trás muitos livros e contos. A vida pública de Hemingway era intensa, mas o seu interior é muito complexo e misterioso.
O documentário que se segue "Ernest Hemingway, Wrestling With Life" aborda a vida desse escritor talentoso que ganhou o Prémio Nobel em 1954 com o livro "O velho e o Mar".
"Paris é uma festa", a obra inacabada de Hemingway, revela apenas 5 anos da vida do escritor, talvez os melhores ou aqueles em que foi feliz. Talvez. Mas foi um vislumbre ténue do que foi a sua vida. Eu gostaria de saber mais. Se pensarmos na vida boémia e nos lugares onde morou, ficou muito por contar.
Por exemplo, sabiam que, em Cuba, Hemingway foi fiel frequentador do Floridita, um bar com restaurante? Ali turistas de todo o mundo ainda hoje se sentam para tomar o daiquiri, uma combinação de rum cubano com gelo picado e limão.
Dizem que o escritor também frequentava o Bodeguita del Medio, outro bar onde se podem ver as assinaturas de milhares de visitantes que cobrem as paredes.
Quando visitei Cuba, há muitos anos atrás, estive no Bodeguita Del Medio e experimentei um mojito no mesmo bar que Hemingway. É uma boa recordação ou não?
A leitura é um autêntico desafio. Eu leio para saber mais, para aprender coisas, para viajar por lugares que de outro modo não conheceria, e para contactar com assuntos que me me façam pensar. No entanto, nem sempre é fácil encontrar o livro certo para ler. Nessas alturas, parece que entro numa espécie de conflito literário e na "ressaca" procuro o mais simples e fácil de ler, só porque sim.
Acho que é uma forma de lidar com este conflito interno e vocês?
O Livro Secreto do blogue da MJ é um desafio interessante, no qual cada um dos participantes envia um livro, através do correio, e depois o livro vai rodando por todos.
Em fevereiro de 2017, iniciou-se a 2.ª edição desta inciativa e, durante 2 anos, vamos trocar livros. Acreditem em mim: isto promete ser um desafio e tanto! O mistério é o de saber se conseguimos manter-nos nesta roda viva durante tanto tempo
Com este post, pretendo explicar o porquê de escolher o livro, Em teu ventre, de José Luís Peixoto. Ora este livro marcou-me especialmente ao nível das palavras (e não só). A temática é difícil mas o escritor não desilude, sendo exímio na escrita e demonstrando-o bem ao não se comprometer com nada. É que estamos a falar, nada mais nada menos, das aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos e esse assunto é difícil, bastante explorado e muito controverso. Na altura, li com alguma apreensão, uma vez que desde pequena que conheço a história e com o passar dos anos passei de crente rendida a cética assumida. Na minha cabeça existem muitas questões e dúvidas por resolver, e um certo desencanto associado à "beatice" presente na minha aldeia (como em tantas outras pelo país fora). Assumo que a catequese marcou-me muito, bem como as pessoas, o ambiente e as perguntas respondidas, apenas, com respostas categóricas absolutas, por quem não admite que possamos pensar e ou questionar nada. Já o livro, senti uma abordagem diferente, sem estigmatizar o assunto, sem meter medo com o inferno, o que vale por dizer que não há Padres Nossos nem Avés Maria, há sim palavras, muitas, que nos levam a refletir.
Espero que gostem do livro e que o leiam com muita atenção, pois as suas bonitas palavras conseguem transformar uma história pesada e enfadonha numa estória de simplicidade e simpatia para com aquelas crianças.
Boas leituras a todos!
Ainda não sei bem o que me espera... É tudo novo para mim, mas nem tudo é o que parece e sem tentar é que não sabemos, certo?! Em todo caso, nada como experimentar coisas novas e novos desafios. Estou, por isso, entusiasmada nas iniciativas/projetos de outros blogues, tais como:
Desejem-me boa sorte!