A Sara doblogue Desabafos Agridoces é uma rapariga doce e simpática, mas ...(há sempre um mas!) a sua citação preferida,"Not all girls are made of sugar and spice...Some are made of sarcasm and nothing is fine", revela um lado menos"soft" e rebelde. Talvez por essa razão, embora de uma maneira simpática -e em nada cítrica-, ela aceitou participar no desafio, e acabou por revelar.... Querem saber? Então leiam:
Desde que idade tens uma paixão por livros?
S: Desde que me lembro. Quando era bebé costumava ficar sentada a folhear revistas e os livrosde culinária da minha mãe durante tempos infinitos, sem nunca me cansar. Sempre quis livros mais do que qualquer outro brinquedo. Foi algo que sempre causou alguma estranheza visto ninguém em casa ter particular interesse em leituras. A sensação que causou o momento em que despejei em cima da mesa as compras que trouxe da minha primeira Feira do livro...Basicamente não me lembro de nenhuma altura da vida em que os livros não estivessem presentes.
Qual o tipo de livro que costumas ler?
S: Leio de tudo um pouco – excepto coisas lamechas, séries, a maior parte dos bestsellers, autoajuda...
O que gostas mais durante a leitura?
S: Talvez quando noto que aquilo que estou a ler faz sentido para os dias de hoje, especialmente se estiver a ler um livro de idade provecta – se bem que preferia que isto não acontecesse quando leio distópias. É curioso ver como as pessoas quase não mudaram com o passar dos séculos. Também depende do tipo de livro e do autor.Sempre há aquelas características que gostamos de encontrar nos livros de autores queridos e que nos deixam felizes.
Quais os fatores que influenciam a escolha de um livro?
S: Livros mais baratos tendem a ter prioridade porque o orçamento é apertado e os livros novos são caros demais (bancas com livros a menos de 5 euros...Nunca morram), autores que conheço e gosto ou que tenho na minha lista para conhecer também têm prioridade. Leio quase sempre a sinopse.
Descreve sentimentos que só um leitor entende.
S: “Preciso de uma estante nova”;
“Vou comprar estes três livros e não pensar que ainda a semana passada comprei outros três”;
“Tenho a certeza que o filme não vai ser tão como o livro”;
“Não, hoje não vai dar para sairmos...já tenho um encontrado marcado. Sim, é com um tipo…O nome dele é Darcy. Estou a tentar que a nossa relação passe do terceiro capítulo”;
“Como assim muito tempo? Só estive duas horas nesta livraria e nem deu para ver nada com calma!”.
As histórias, porvezes, têm uma enorme carga emocional. Já alguma vez choraste ou riste? Se sim,quais foram os livros em que isso aconteceu?
S: Coisas da Jane Austen ou do Eça fazem-me rir...Em relação a chorar: as três vezes que li a Rapariga que Roubava livros, uma parte ou outra do Memorial do Convento…
O que dizem os teus livros?
S: Provavelmente que devia limpar-lhes o pó mais vezes…
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Depois da entrevista,fiquei curiosa para saber a resposta ao desafio. Sara, gostaria que pensasses um pouco sobre a frase de Harper Lee"A única coisa que não respeita a regra da maioria é a consciência de cada um”. Concordas?S:Sim, em teoria. É que para que a nossa consciência seja a única coisa a não respeitar essa regra primeiro temos de aprender a pensar por nós mesmos. Boa parte das pessoas não fazem isso: acreditam em tudoo que lêem nas redes ou no que políticos racistas lhes dizem (choremos juntos Atticus), ou seja, a sua consciência já está moldada para seguir outros. Alguns talvez nem se dão conta disso, afinal o que os tipos no poder querem é que sejamos todos uns carneiros. Talvez seja porque é o caminho mais fácil:não respeitar a regra da maioria tem sempre consequências. Se fores ao cinema com 4 amigos e foste a única que detestou o filme o teu cérebro vai arranjar maneira de adaptares a tua opinião às dos outros, talvez pensando que filme até não era assim tão mau…Andamos desesperados por aprovação. As consequências podem ir das mais simples como não seres a pessoa mais popular do escritório até ao aprisionamento e à morte. Se lemos num livro que 90% de uma populaçãoapoiava um político que hoje sabemos que foi muito mau, claro que íamos quererestar nos restantes 10%. Ter uma consciência individual é muito importante, mas não é um direito sempre garantido. Se esses 10% estiverem em fila contra uma parede e tu sabes que vai chegar a tua vez, o que vais fazer?
Muito obrigada, do fundo do ❤.