Autora: Patricia Highsmith
Ano:1999
N.º de Páginas: 343
Editora: Gradiva
Sinopse: Na sua pequena mas bonita casa da Pensilvânia, onde vive com o filho e um tio senil, Edith observa o dia-a-dia sufocante. Inevitavelmente, insatisfeita com a sua vida, esta mulher oriunda da burguesia começa a apresentar um comportamento invulgar à luz dos padrões de conduta mais comuns. E, assim, refugia-se num diário onde constrói uma vida completamente diferente, acabando até por ajudar a ocultar um crime...
Opinião: O livro em si transmite uma sensação de angústia, a qual provém da necessidade de continuar a trabalhar, a escrever e a ignorar-viver. Assim, ao mesmo tempo que a história nos atrai, em certos aspectos sentimos uma certa necessidade de nos afastarmos daquilo tudo. O que é descrito, sobre Edith, é o dia-a-dia de uma mulher que cuida da casa. No entanto, aproxima-se de uma realidade que é enfadonha e injusta para ela, uma vez que quer apenas escrever e ser reconhecida por isso. Como isso não acontece, ela, no seu diário, cria uma vida diferente, sobretudo, para o filho.Quem a pode censurar, quando Brett não se interessa pela educação do filho nem cuida do tio George? Sinceramente não gostei de Brett e não gostei nada do filho, Cliffie. Serão, provavelmente, o reflexo da sociedade norte-americana dos anos 70, mas eu torci para que ambos tivessem um final infeliz.
Julgo que a escritora teve a intenção de transmitir as consequências daquilo que a sociedade exige às mulheres (qui ça a ela própria). Essa pressão fez com que Edith procurasse o apoio na sua tia Melanie, no seu diário e num mundo só dela, já que o real em nada correspondia às suas expectativas.
É, portanto, um triller psicológico interessante e é, sem dúvida, uma crítica feroz ao "sonho americano".
Citação: "Pensou na injustiça, sentiu a sua noção pessoal de injustiça combinar-se com a louca, complexa injustiça da situação no Vietname, um país onde a corrupção, como toda a gente sabia, era um modo de vida, uma coisa normal"(Pág.341).