Layout - Gaffe
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Opinião: Esta história incrível, linda e invulgar, revela um grande conhecimento da natureza, e é fruto da experiência de Delia Owens enquanto zoóloga e cientista da vida selvagem, em África. A autora, habituada a escrever para revistas da especialidade, designadamente na área de ecologia e vida selvagem, conseguiu surpreender-me neste seu romance de estreia. A sua escrita é fluída e ritmada, e transmite uma calma visual e uma melancolia que se adequa ao espaço envolvente. E foi com essa leveza de espírito que encetei a leitura do primeiro capítulo, que descreve uma manhã de agosto quente, em que estava tudo invulgarmente silencioso, até que se ouve a porta da cabana a bater, e Kia, com seis anos de idade, vê a mãe sair com os sapatos altos de imitação de crocodilo e a mala azul na mão.
Kya é a mais nova de cinco irmãos, vive com os pais numa cabana tosca no pantanal, perto de Barkley Cove, uma pequena cidade fictícia da Carolina do Norte, mas aos poucos, a mãe, os irmãos e, por fim, o próprio pai, vão saindo e partindo deixando a pequena Kia para trás.
“E finalmente, num momento inesperado, a dor que sentia no coração desapareceu como água na areia. Continuava presente, mas a grande profundidade. Kya poisou a mão sobre a terra viva e morna, e o pantanal passou a ser a sua mãe”
Para Kia o pantanal é tudo a partir do momento que é abandonada e "ninguém" quer saber dela. Ela aprende a observar com atenção tudo o que a rodeia e torna-se desconfiada, ou um verdadeiro “bichinho do mato, preferindo estar numa cabana desolada no pântano e longe do contato de qualquer ser humano. Kia irá crescer sozinha, na companhia das suas amigas gaivotas, e do seu amigo Tate, que a ensina a ler.
“Talvez fosse uma forma de comunicar, uma forma de expressar as suas emoções a alguém que não apenas as gaivotas, para dar um destino às suas palavras”.
Este livro, possui descrições que revelam toda beleza natural do pântano e maravilha-nos com as várias espécies que aí habitam - numa verdadeira ode à natureza em que prevalece a lei do mais forte no recesso esconso do próprio ser humano. E será com este pano de fundo que o ritmo de escrita da autora nos vai fornecendo uma visão quase cinematográfica, quer da natureza selvagem, quer da natureza humana, contribuindo para que, enquanto leitora, saboreasse cada imagem com deleite. Este é, sem dúvida, o melhor livro que li este ano. Adorei cada página e aconselho vivamente a leitura.
Classificação: 5/5*