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Jane Eye, numa tarde fria e húmida de novembro, lê no assento da janela por detrás das cortinas vermelhas em Gateshead, a casa dos seus parentes, os Reeds. É assim que o romance começa, ou seja, com esta cena e com o conflito provocatório do primo, John Reed. John é a imagem do filho mimado, violento e malcriado. Jane é  a orfã pobre, de aparência modesta, que não se intimida perante as ameças de John e os castigos da tia. Perante isto, com 10 anos de idade, Jane não tem amigos. Os livros são o seu único refúgio e alimentam a sua imaginação. Desde o início do romance até ao final, Jane lê vários livros. Ela acredita que isso lhe trará a educação que permitirá a independência e uma melhoria da sua posição na sociedade. E com toda a razão. Será em Lowood que ela aprenderá a desenhar e uma profissão que lhe permitirá ganhar o seu sustento sem ajudas de ninguém. É ou não uma mulher insubmissa e muito à frente do seu tempo?

Ao contrário da vida calma de Jane, Edward Farfaix Rochester teve uma vida desregrada, apaixonando-se por várias mulheres. Assim, quando ele conhece Jane, planea mudar o seu estilo de vida, mas terá muito que penar até conseguir os seus intentos.

Embora já conhecesse a história voltei a ficar surpreendida, sobretudo com a resiliência de Jane, uma simples mulher, que acaba por aceitar o amor na adversidade, mais uma vez demonstrando a sua coragem e determinação.

Esta leitura despertou alguns sentimentos novos. Lembro-me da primeira leitura, de sentir indignação com as atitudes da tia e do primo e de sentir muita tristeza pela maneira como ocorreu a morte da sua melhor amiga [quem leu sabe a que me estou a referir]. Já na releitura, senti várias vezes um sentimento de irritação. Na verdade, já não me recordava bem de Mr. Rochester e não o achei lá muito romântico.

Jane é, para mim, uma personagem que fica na memória. O que a torna forte são os seus princípios e, embora ela não se considere bonita, são estes, as suas qualidades inteletuais e a força interior que a tornam encantadora ao longo de toda a história.
E vocês, qual foi a personagem que gostaram mais?

 


16 comentários

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De A rapariga do autocarro a 17.04.2018 às 09:54

O meu ainda está ali na estante das lamentações à espera duma boleia para apanhar ar!
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De Edite a 18.04.2018 às 08:51

Arejar faz bem
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De HD a 17.04.2018 às 20:34

Também conheço vagamente a história, mas não há nada como ler a obra... :-)
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De Edite a 18.04.2018 às 08:52

Concordo 100% 
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De Chic'Ana a 18.04.2018 às 09:33

Não li a obra, tenho de ler =)
Beijinhos
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De Edite a 18.04.2018 às 23:27

Fazes bem. 
Beijinhos
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De Bárbara Ferreira a 18.04.2018 às 21:06

Posso votar na Bertha? :D
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De Edite a 18.04.2018 às 23:27

Eu deixo.
Olha, li o "Vasto Mar de Sargaços" à procura de um sinal que me fizesse gostar dela e não encontrei nadinha. 
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De Bárbara Ferreira a 21.04.2018 às 14:01

Eu mesmo antes de ler esse gostava :) acho interessante a ideia da mulher que, por algum motivo, foi trancada, afastada da sociedade... supostamente é louca (ou terá enlouquecido), vem de longe (e o "estrangeiro" assusta sempre - há um momento em que Jane a vê e fala, na manhã seguinte, da cor de pele da "criatura" que viu), e lançou toda a ideia da "louca no sótão". Acho-a mais icónica e acima de tudo mais interessante que os outros :D
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De Edite a 22.04.2018 às 21:49

okay, percebo a admiração que tens por esse personagem. Eu tenho uma teoria, mas ainda estou a pensar muito bem nela. 
beijinhos
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De Edite a 23.04.2018 às 22:26

Aqui só entre nós, acho que Charlotte é a Jane Eyre e o Mr Rochester o professor Heger. Então, a solução que a Charlotte imaginou, para que pudessem ficar juntos, seria a mulher ser considerada louca, já que não havia o divórcio. Mesmo no campo da imaginação os seus princípios não lhe permitiriam aceitar esta solução. Só a morte da mulher «louca» (tal como Jane).
É uma teoria que faz sentido para mim.O que achas? A imaginação dos escritores baseiam-se na realidade.
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De Bárbara Ferreira a 25.04.2018 às 10:15

Sabes, tive de pesquisar o professor Heger. Sei que (consta) as três irmãs se basearam bastante nas suas experiências de vida (talvez menos a Emily - pelo menos espero, tendo em conta o teor do único livro que publicou!), também a Anne, no Agnes Grey, fala de ser governanta - emprego que todas as três tiveram. Ainda não li o Wildfell Hall, mas gostei bastante do Agnes Grey, leitura mais ligeira e agradável que Jane Eyre, para mim. Esse tipo de projecção faz, para mim, todo o sentido! Arranjar um escape para que, pelo menos na ficção, ficassem juntos. Que se sabe da esposa do professor Heger?

Por falar nesse escape, de só a morte da mulher poder juntá-los - irrita-me terminantemente o facto de Jane, que primeiro foge por Rochester ser casado, decidir voltar, em nome da sua felicidade (preferia ser feliz a digna - mas em nome da dignidade fugiu, antes, para não entrar em bigamia...), mesmo sem saber do desastre que ocorrera. Acho Jane tão hipócrita em partes... ou pelo menos, acho-a inconsistente. Um dos dois.


Curiosamente, Charlotte escreveu um livro chamado "The Professor". Seria baseado no mesmo senhor?
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De Edite a 25.04.2018 às 11:01

É, o livro "The Professor" é baseado na vida real de Charlotte. Ainda não li esse, mas quero muito ler. 
Eu fiz um post sobre o amor proibido de Charlotte pelo Professor Heger https://olivropensamento.blogs.sapo.pt/o-amor-proibido-de-charlotte-bronte-100907, onde estão excertos das suas cartas. 
Não acho que Jane seja inconsistente. Acho que ela  foge de Rochester por ser contra os seus princípios ficar com ele depois de saber a verdade. 
Aqui encontro mais um elo para a  vida real de Charlotte, dado que teve de regressar a casa (provavelmente quando descobriu que estava verdadeiramente apaixonada por um homem casado). Esta parte da vida dela é também transposta para o livro. O St. John é o amigo do pai (com quem mais tarde acaba por casar) e as duas primas (baseadas nas irmãs).
Resumindo, o que é ficção no livro, parece-me, é a mulher louca e, no fim, ficar com o amor da vida dela.
Existem estudos da obra que fazem esta comparação dos personagens com as pessoas reais. A isto, juntei a  minha teoria de que Charlotte ficcionou a parte com o happy end possível. Se calhar é mesmo uma teoria, mas, depois de ler o tom de desespero nas cartas para o professor, fiquei a pensar nisto.
O que achas?
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De Bárbara Ferreira a 25.04.2018 às 11:50

Eu acho que faz todo o sentido :) acho que a ideia de Jane ser baseada nela já me tinha sido transmitida de alguma maneira; criar o final feliz que não teve parece-me totalmente plausível! Acho tão interessante descobrir mais sobre a vida dos autores exactamente por estes motivos :D
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De Edite a 25.04.2018 às 20:04

É mesmo importante saber mais para perceber porque escrevem sobre determinado assunto. Eu gosto de fazer isso depois de ler e muitas vezes só associo certas frases depois de algum tempo. 

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