Classificação: 4/5*
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A minha opinião: Clare Mackintosh trabalhou doze anos na polícia, alguns deles no Departamento de Investigação Criminal, porém, abandonou essa carreira para se dedicar ao jornalismo e à escrita. E ainda bem que assim foi porque agora podemos ler os seus livros, os quais, provavelmente, serão inspirados em algum dos casos que investigou. Curiosos? Eu fiquei.
No livro, a história é contada sob várias perspetivas; uma delas, a de alguém que não percebemos se morreu, as outras duas, são identificadas como sendo a de Anna Johnson e a de Murray Mackenzie, um polícia aposentado. Anna é uma jovem mãe e sente saudades dos pais, os quais, ao que tudo indica, se suicidaram no mesmo sítio, com um intervalo de 7 meses entre eles. Primeiro o pai, depois a mãe. Anna não consegue compreender e sente que foi abandonada pela mãe quando mais precisava dela. Eis senão quando ela recebe um postal de aniversário com a mensagem «Suícidio? Pensa melhor» e decide ir à polícia.
Enquanto leitora senti-me atraída pela sinopse, mas não estava nada à espera de que o ritmo da investigação fosse lento e que só surgissem novidades a mais de metade do livro. Não obstante, a escrita é simples, a leitura é agradável e tudo flui com naturalidade, pelo que o desenrolar dos acontecimentos em nada perturbou a minha leitura. Curiosamente, constatei que são fornecidos muitos pormenores que nada têm a ver com a investigação criminal e que se relacionam com a maternidade recente de Anna e com a saúde mental da esposa do polícia, Murray. Confesso que não percebi a importância desses detalhes para a história em si, se bem que permitem o adensamento ao nível da caraterização psicológica destas duas personagens. A autora entendeu que isso era relevante e resolveu realçar aspetos talvez como forma de desviar a atenção do leitor.
O que não será tão linear quanto isso, nesta história, são as mentiras. Os mentirosos têm tendência a acrescentar factos e situações e acabam, no final de contas, por ser descobertos. Basta um pequeno pormenor para se descobrir toda uma história. Mas, no livro, isso não acontece. Fui iludida pela autora, quando aparentemente tudo se resolve, e surpreendida pela seu engenho quando conseguiu acrescentar uma mentira a outra mentira. E foi precisamente isso que, na minha opinão, tornou tudo tão interessante ao ponto de já não conseguir parar de ler até ao fim.
"Deixa-me mentir" parte de uma premissa simples [um suicídio/homicídio] para entrar em algo bem mais arrojado e interessante. A história lê-se rapidamente, mas é um intricado novelo, em que puxamos um fio e este vai-se desenrolando aos poucos, muito devagarinho, podendo, num ápice, dar uma grande reviravolta. Se julgam que já não conseguem ser surpreendidos, pensem melhor. Leiam, porque vale a pena. Gostei muito.
Classificação: 4/5*