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Sinopse: Aqui
Opinião: Neste livro, Diana Marcum fala-nos dos Açores, das suas gentes, das comidas, da fome, da emigração, da saudade, da pobreza, sempre maravilhada com o que vai descobrindo.
Num tom intimista, uma vezes, noutras mais objetivo, até porque é jornalista, Diana experimenta realizar uma entrevista a um grupo de emigrantes açorianos, que vivem na zona rural da Califórnia. Uma terra árida, quente e difícil, mas em que os emigrantes conseguiram prosperar à custa do seu trabalho e esforço, continuando a manter as suas tradições e a produzir o queijo dos açores. Mas nem tudo foi fácil para eles.
Como apaixonada por histórias, Diana rapidamente simpatiza e faz amizade com os açorianos que aí vivem, contando as suas particularidades com sentido de humor.
"Perguntei ao rapaz porque estavam todas vestidas de preto. Ele disse-me que eram viúvas, mas que a mais recente perdera o marido há vinte anos e nem sequer gostava dele. Perguntei então ao nosso tradutor qual das viúvas tinha mais namorados. Todos se riram e apontaram para a que era de longe a mais velha"
"A primeira vez que vi um mapa do lugar que viria a ter tanta importância na minha vida foi em toalhas de piquenique. A ilha de Morais era São Jorge, um longo e estreito retângulo no centro da toalha-mapa, a flutuar entre um ananás, um moinho de vento e uma baleia".
Enquanto leitora, senti que fiz uma viagem pelas ilhas dos Açores, ao mesmo tempo que acompanhei a autora enquanto esta faz uma espécie de viagem interior em busca do seu verdadeiro amor. A certa altura alguém diz acertadamente que: "A décima ilha é o que temos dentro da gente. É o que nos resta enquanto tudo desaparece". É isto que o povo pensa. E é isto que Diana tem pela frente.
A Décima Ilha, levou-me a refletir sobre a ida dos emigrantes açorianos para Califórnia, sobre as suas raízes e sobre as suas histórias. Levou-me ainda a gostar do tom intimista, utilizado pela jornalista quando conta as histórias do foro privado e nos brinda com descrições que nos fazem "viajar" num ambiente familiar e calmo. O que fica? A descrição pouco palpável do sentimento de saudade, explicado pela ligação que sentem os emigrantes e também por quem visita um lugar tão bonito como os Açores. Eu, como gosto de viagens, achei fascinante.
Muito obrigada à Cultura Editora por esta viagem inesperada!
Classificação: 4/5*