Autora:Elena Ferrante
Ano:2016
N.º de Páginas: 264
Editora: Relógio D´Água
Opinião: O mistério em torno da identidade da escritora Elena Ferrante parece ter sido desvendado por um jornalista italiano. Adoro mistérios e esta informação não me deixou indiferente e quis logo conhecer a sua escrita. Fiquei surpreendida de duas formas:uma negativa e a outra positiva. Quanto à primeira, foi quando iniciei a leitura. A escrita é, aparentemente, muito simples, direta, e a realidade do bairro, situado em Nápoles, algures nos anos 50, é contada de uma forma atribulada, recheada de ciúmes (entre Elena e Lila), brigas (dos Solara e dos Sarratore) e de medos e ódios (lembro-me, por exemplo, de dom Achille).
Assim, no início, fiquei um pouco de pé atrás, dado que só consegui perceber este clima de tensões entre as personagens, fazendo lembrar italianos sempre aos gritos (na minha imaginação, como música de fundo, surgia sempre a tarantella neapoletana ) e preocupados em fazer justiça com as próprias mãos. Não sei se estão a ver o filme? Além disso, Elena e Lila iniciam uma amizade de forma estranha e “cruel”, como só as crianças sabem ser, por vezes. Aliás,Lila não é uma menina como as outras: é má, rebelde, desafiadora, embora muito inteligente. Já Elena é o oposto: certinha, estudiosa e admira a amiga “genial”.Apesar de Elena achar Lila má, sente uma espécie de “atração” para competir com ela, o que a leva, frequentemente, a sentir que não é apreciada se não estiver na sua companhia ou se não for a melhor na escola ou se não for a mais bonita. Mais tarde, quando ambas são adolescentes, a história começa realmente a surpreender.Porém, e cito:“ O imprevisível só nessa altura se revelou”. É caso para dizer que o“golpe de mestre” só chegou mesmo, mesmo, no fim. E pronto, fiquei curiosa para ler o próximo. Ho apprezzato molto la storia e voglio di più!
Citação: "O nosso mundo era assim, cheio de palavras que matavam: o garrotilho, o tétano, o tifo, o gás, a guerra, o torno, o entulho, o trabalho, o bombardeamento, a bomba, a tuberculose, a supuração. Remeto para essas palavras e para aqueles anos os muitos medos que me têm acompanhado toda a vida"(Pág.23 e 24).