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Mais uma sugestão para o fim-de-semana.
No Dia Mundial do Livro, a coolbooks ofereceu um ebook à escolha bastando aceder à página da Wook e fazer o dowload do livro que queriamos ler. Na altura, não tinha a menor ideia de qual livro escolher, mas li a sugestão de alguém no facebook e a sinopse, e depois a curiosidade fez o resto (já vos contei que sou muito curiosa?).
Foi o primeiro livro que li em ebook, o que nunca esperei vir a fazer, e tive um sentimento estranho, pois fez-me falta folhear o livro e colocá-lo na estante - o que para nós, livrólicos, é o nosso templo. Mas este meu handicap (não estar habituada à leitura em formato digital) vem a propósito de quê, perguntam vocês? Pois bem, o "Maresia e Fortuna" é um daqueles livros em que nos esquecemos completamente de nós. A história é viciante e aparentemente simples. Existem muitos segredos bem guardados. E quando esperamos que se resolvam os amores de Júlia, Vanessa, Bianca, Eduardo e Simão, ou quando pensamos que os entendemos, descobrimos que não sabemos nada (ainda)?!
Afinal, o que é o verdadeiro amor? Uma das questões que vão surgindo assim como um certo "nervoso miudinho" que nos faz duvidar de tudo e de todos.
Eu acreditei no impossível e no final descobri que estava certa. O amor transforma. O amor baralha. O amor pode salvar ou deitar tudo a perder. O amor não é nada simples, sabiam?
Um thriller psicológico que gostei e que recomendo.
Bom fim-de-semana e boas leituras, em boa companhia.
*Livro sem opinião escrita (ainda) aqui no blogue.
Sinopse: Num mundo rural em decomposição acelerada, minado pela poluição física e mental, pelos media e pelas arremetidas da "Aldeia Global", um homem de setenta anos e um adolescente aliam-se para construir um pequeno universo privado, fantástico, parado no tempo, onde vivem os velhos ritos e as superstições do passado.
Porém, esse universo, frágil e vulnerável, não poderá resistir durante muito tempo à sociedade hostil que o cerca. Então, é preciso encontrar uma saída...
Opinião: Neste pequeno livro, encontramos D. Gonçalo Nuno, um homem de idade, rico, dono de empresas, que se recusa a fazer a vontade aos filhos e ir para um lar, e o Zé da Pinta, um rapaz de 17 anos, considerado o "apoucadinho", o "tolo" ou o "idiota" da terra. Estes personagens encontram-se em Poais de Santa Cruz e aos poucos encontram um mundo especial, longe de supermercados e de reality shows, e, no fundo, vivem à parte num mundo que se distancia da realidade social, no qual há lobisomens, mouras encantadas, almas do outro mundo e Nuvens Seculares.
Este autor foi uma estreia. Não tinha lido nada nem conhecia o escritor (e fiquei triste quando soube que morreu em 2010). Além de ser uma estreia, foi uma enorme surpresa. Gostei muito da escrita, da história, dos personagens e sobretudo do final, que foi brutal !!! (quem já leu sabe a que me refiro e ao empregar esta expressão com duplo sentido apenas quero dizer que gostei muito mesmo).
Agradeço à pessoa que enviou o livro, porque vale mesmo a pena ler.
Classificação: 4/5.
Onde estavas no 25 de abril de 1974? Ouvimos esta pergunta todos os anos e tenho sempre vontade de responder: Eu, eu estava, com quase 99, 9% de certeza, a dormir no berço. É, portanto, uma pergunta para a qual a resposta óbvia não serve, dado que era uma cidadã de fraldas que comia e dormia (e não contribuiu em nada para a liberdade deste país). Sem pensar muito, acho que atualmente poucos se lembram de ter desfilado pelas ruas de Lisboa na euforia da Liberdade recentemente adquirida. Aqui em casa, apenas o meu marido participou nessa marcha, mas era pequeno. Lembra-se apenas do que lhe contaram. E lá foi no meio da multidão, às cavalitas do avô, com os deditos em V e a gritar «Fachistas».
Na minha terrinha, ninguém presenciou nada, ainda não existiam televisões, nem estradas alcatroadas, nem eletricidade, já agora. Quarenta e quatro anos depois, poucos se lembram desse dia. Bem, tenho a certeza de que restam dois ou três que podem contar os tempos que viveram na guerra. Para esses fará sentido relembrar este dia. Para a nossa geração, ouvimos contar a história . Para os mais jovens, restam os livros.
Não sei porquê há livros que demoro mais tempo a ler. Há outros que deixo ficar para o fim porque penso, precisamente, que vou levar uma eternidade para terminar. E depois tenho os que sei que não é pelo tamanho que me intimidam mas pela escrita. É por isso que ler é um desafio.
Na última reunião do Clube de Leitura Conversas Livrásticas, o tema sorteado foi (adivinhem)...livros que intimidam. Então, resolvi pegar da minha estante da vergonha [de livros não lidos] "O Jogo do Mundo", de Júlio Cortázar. E não podia ter ficado mais... desiludida.
O livro tem duas formas de ser lido: a primeira termina no capítulo 56 e a segunda basta seguir as indicações que vão sendo dadas pelo autor. Optei por seguir por esta última e facilmente me aborreci, porque remete para capítulos que estão no fim e que me pareceram uma espécie de reflexões ou pedaços dispersos de histórias que, no fundo, não fazem falta nenhuma para a história principal. De seguida, fiz a leitura «normal», mas nem assim resultou. Não gostei. O romance de Maga e de Oliveira é estranho, os amigos estão para ali a beber, a discutir a música que hão-de ouvir e o Oliveira anda pelas ruas de Paris. Interesssante? Nã, desisti. É provável que a culpa seja minha, mas já não tenho idade para perder o meu tempo a insistir com uma leitura que não ata nem desata.
O que eu mais gostaria depois disto? Algo que me fizesse sentir melhor, claro. Estou assim entre triste e meio desorientada. Todos gostam menos eu? Será?
Vá lá, digam qualquer coisa.
A recomendação para este fim-de-semana tem muito que se lhe diga. Hoje em dia, são cada vez mais as notícias de pessoas de idade que morrem sozinhas e, pior, só são descobertas vários anos depois. É uma realidade aterradora. Por outro lado, há vizinhos com um feitiozinho e que não são pessoas fáceis de lidar. O Sr. Ove é um deles. Mas... como nem tudo é o que parece e nem tudo o que parece é, vão por mim [e pela Magda que sugeriu e emprestou este livro ao grupo do livro secreto], há livros que nos ensinam a ver as coisas de maneira diferente.
Depois de lerem este livro fantástico, e se tiverem oportunidade, não deixem de assistir ao filme. Na minha opinião, são duas experiências diferentes, pois ao ler o livro apercebi-me de todos os pensamentos de Ove (e andei entretida com várias opiniões divertidas dele) enquanto o filme apelou mais aos sentimentos (pela lágrimazita ao canto do olho, vá, tenho de admitir).
Acredito na importância que podemos ter a vida dos outros, tal como hoje quando vi vários jovens a passar por um ceguinho que só foi ajudado por uma senhora com idade para ser avó.
Acredito ainda que não se deve julgar ninguém pelo seu mau feitio, porque o que é verdadeiramente importante são as (boas) acções.
Isto diz muito, não acham?
Bom fim-de-semana e boas leituras.
* Livro já lido, sem opinião escrita (ainda) aqui no blogue.
O livro recomendado na semana passada encontra-se esgotado (ou indisponível) em todo o lado (até no olx, custo justo e no coisas)
A pergunta que coloco é a seguinte: não está na altura de fazer nova edição?
Pensem nisso.
Atualização: no próximo dia 11 de maio vai sair uma nova edição pela Saída de Emergência (aqui).
Em 1842, Charlotte Brontë foi trabalhar para Bruxelas num internato dirigido pelo professor Constatin Heger e pela sua esposa Claire Zoé Parent Heger. Dois anos depois regressou a Haworth. Iniciou-se então a troca de correspondência entre ambos, no entanto, quanto mais carentes e ardentes as suas cartas se tornavam, mais Heger recuava em longos silêncios.
Nas cartas românticas enviadas por Charlotte Brontë, uma em francês e a outra em inglês, ela dizia:
"Se o mestre me retira a sua amizade, não terei esperança";
"Gostaria de escrever-lhe cartas mais alegres porque quando as termino e as releio acho-as obscuras, mas perdoe-me, querido mestre - espero que não lhe irrite a minha tristeza - segundo as palavras da Bíblia: "A boca fala da abundância do coração", e realmente custa-me muito estar alegre desde que creio que nunca mais nos veremos".
A família de Heger doou as cartas à Biblioteca Britânica em 1913, altura em que se revelou esse amor proibido (não se sabe se era ou não correspondido).
Leio isto e fico muito triste.Mesmo muito. Tanto que escrevi ontem uma frase sem sentido, mas já retirei...
Jane Eye, numa tarde fria e húmida de novembro, lê no assento da janela por detrás das cortinas vermelhas em Gateshead, a casa dos seus parentes, os Reeds. É assim que o romance começa, ou seja, com esta cena e com o conflito provocatório do primo, John Reed. John é a imagem do filho mimado, violento e malcriado. Jane é a orfã pobre, de aparência modesta, que não se intimida perante as ameças de John e os castigos da tia. Perante isto, com 10 anos de idade, Jane não tem amigos. Os livros são o seu único refúgio e alimentam a sua imaginação. Desde o início do romance até ao final, Jane lê vários livros. Ela acredita que isso lhe trará a educação que permitirá a independência e uma melhoria da sua posição na sociedade. E com toda a razão. Será em Lowood que ela aprenderá a desenhar e uma profissão que lhe permitirá ganhar o seu sustento sem ajudas de ninguém. É ou não uma mulher insubmissa e muito à frente do seu tempo?
Ao contrário da vida calma de Jane, Edward Farfaix Rochester teve uma vida desregrada, apaixonando-se por várias mulheres. Assim, quando ele conhece Jane, planea mudar o seu estilo de vida, mas terá muito que penar até conseguir os seus intentos.
Embora já conhecesse a história voltei a ficar surpreendida, sobretudo com a resiliência de Jane, uma simples mulher, que acaba por aceitar o amor na adversidade, mais uma vez demonstrando a sua coragem e determinação.
Esta leitura despertou alguns sentimentos novos. Lembro-me da primeira leitura, de sentir indignação com as atitudes da tia e do primo e de sentir muita tristeza pela maneira como ocorreu a morte da sua melhor amiga [quem leu sabe a que me estou a referir]. Já na releitura, senti várias vezes um sentimento de irritação. Na verdade, já não me recordava bem de Mr. Rochester e não o achei lá muito romântico.
Ao contrário do provérbio original, durante o mês de março não existiram tardes de Verão. A chuva tão necessária começou a aborrecer e só apetecia sair e andar a passear por aí. Paciência (de jovem, como dizia a minha filha quando era pequena). Enfim, já que não podemos regular o tempo, podemos ao menos escolher a companhia. E almoçar com pessoas. E comer comidinha saudável. E ficar a olhar para duas fatias enormes de bolo, um de chocolate e outro igualmente apetitoso (não é Claúdia?), e sentir um enorme desconsolo. Pois. Não estão a perceber nada. Eh, eis o senão desse dia. Já vou contar.
Esta fotografiia foi tirada pela Sandra, do blog Say Hello To My Books, no último encontro do Clube dos Clássicos Vivos, que se realizou no passado dia 17 de março, no Forúm Tivoli. Somos giras, não acham?
Como o encontro era de tarde, almoçamos primeiro num restaurante vegetariano, pequeno e muito simpático, chamado "Arco Íris", que fica na Avenida da Liberdade (não se fiem pois o meu sentido de orientação não é grande coisa). Durante o almoço a conversa foi animada (e não falamos só de livros, okay?),porém nada faria prever o meu "desgosto". O drama e o horror apossaram-se de mim quando pensei que tinha acabado de trincar uma pedra. O que é que se tinha passado? Pois. O que se passou foi que a prótese dentária provisória caiu...Entretanto, disfarcei o máximo que consegui e perdi o apetite (até para comer bolo, o que não é normal em mim). Nesse momento, não sabia qual seria o aspeto, que julguei que estaria muito próximo de uma bruxa desdentada com uma cratera, e permaneci em silêncio.Lá me refiz do choque inicial e pensei: deixo isto aqui ou levo à dentista??? Acho que fiquei catatónica perante o dilema pertinente (e que fez a minha dentista rir com gosto) e encerrei o assunto da melhor forma que soube, dizendo para mim própria: deixa lá isso, se ninguém disser nada é porque não é tão mau como pensas (e não era!).
O resto do dia correu muito bem e em ótima companhia. Rimos, falamos, fizemos barulho.
Mas perguntam vocês: e o livro, não falaram do livro? Pois falamos bastante sobre a Jane Eyre e o Mr. Rochester, essa paixão que dividiu opiniões. Será que Mr. Rochester era o mau da "fita"?
Hum. Acho que vou ter de deixar para um post sobre o livro...
Já agora uma curiosidade: Vocês sabiam que Charlotte Brontë gastou o primeiro dinheiro que recebeu com o livro "Jane Eyre" no dentista?