Layout - Gaffe
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Ao ler o título, a minha primeira impressão é a de que na palavra «tenho de» se retira uma obrigação. Por acaso, já me perguntei se «tenho de ler» e cheguei à conclusão que sim, pois é a ler que me conheço, é a ler que encontro as maravilhas musicais na conjugação das palavras, e é a ler que os pensamentos fluem constantemente entre as sinapses abandonadas pelas obrigações do trabalho e da rotina do dia-a-dia. Porém, hoje, enchi o peito de corajoso ar e expirei a vontade necessária para me preparar para esta pergunta difícil.
Ao desafio da Catarina Duarte do blogue (In)sensatez, respondo de forma imediata: «tenho de» escrever porque sim. [Claro que já estou de nervos em franja e a pensar em como seria melhor não pensar no assunto, até porque ninguém me pediu nada nem eu quero incomodar as pessoas quando ainda estou a dar pequenos passinhos de criança no que à escrita diz respeito].
No meu pensamento, surgiu um monólogo interior que troca impressões.
É muito estranho. Ora leiam:
Tenho de escrever, então?
Ah, pois, tenho de escrever porque senão não sabem a «resposta».
E faz sentido escrever e colocar por escrito os pensamentos que vivem fechados?
Sim, muito. Há o perigo de curto circuito no cérebro assim sobrecarregado.
Quando começaste a escrever?
Não me lembro do momento exato em que comecei a escrever estórias, mas recordo-me de as contar usando a minha imaginação. No sotão da minha infância tudo aparecia misturado, magia, princesas, tesouros escondidos, mistérios por desvendar e fantasmas. Tinha muito medo de fantasmas e dos quarenta ladrões de Ali baba!
Escrever afasta o medo, sentimentos e emoções?
Não creio. Acho que os ajuda a expulsar ou minimizar, dimuindo a sua intensidade. Colocar por palavras ajuda a clarificar as ideias e a colocar sob outra perspetiva algo que não vimos ou não refletimos.
É preciso ter imaginação para escrever?
Sem sombra de dúvida. Imaginação, criatividade e muita persistência, porque só a vontade não é suficiente.
Achas que consegues escrever sempre que te apetece?
Quase sempre. Basta estar em silêncio. Sucede, porém, que o comando cerebral nem sempre tem pilhas e às vezes não dá. É normal e é aqui que entra a persistência. Nunca podemos desistir.
Este brainstorm interior levou-me à conclusão mais brilhante à face das terras lusitanas e que é esta:
Ao «tenho de escrever» acrescento o «sim» que, tal como num casamento, são os votos apropriados para quem quer ter a vida de escritor, e atendendo a que escrevo para me divertir acho que vou prolongar a fase do namoro por mais uns anos.