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Acho que descobri o início da história e como esta surgiu n´ As crónicas de um café mal tirado. Tudo começou(nevoeiro)... num dia frio de Inverno, o primeiro dia do ano de 2017. Os donos do café estavam sentados à lareira e resolveram celebrar o segundo aniversário do seu estaminé. No entanto, tiveram de pedir opinião à mula, porque esta tinha sempre ideias muito originais e divertidas! E ela aceitou, toda feliz, mas, quando pensou melhor, sentiu um frio que a impediu de continuar. Teve, portanto, de pedir ajuda à Magda e, com pena dela, disse-lhe: "Coragem m´lher"; e, ao mesmo tempo, entregou um papel cheio de rabiscos, no qual se lia:

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Estas eram as regras para ganhar um café grátis, o que, com o frio, iria cair mesmo bem, pensou a Magda. Mas, 81 livros depois, como tinha tido muito trabalho durante o ano todo, visitou a nova vizinha no bairro, a Edite, e entregou-lhe o papel, como se de uma missão se tratasse, e esboçou o seu melhor sorriso maquiavélico: ahahahah!!!

Mas a história continua....

 

A pobre da Edite, que escrevia muito sobre um gato, andava preocupada com os ciúmes evidenciados pelo bichano, pelo que disse mal da sua vida. Nada corria bem! Não podia desvendar o plano meticuloso que traçara para  a viagem de Théo. E, embora considerasse que os gatos são muito bons para afastar energias negativas, lembrou-se que já não podia fazer férias, em Setembro, na quinta da avó por esta estar amaldiçoada. Era amaldiçoada porque nesse local, onde  as luzes de setembro pairavam, brilhava toda a luz que não podemos ver. Bem, a avó Maria nunca se importou com essa situação. Fosse o que fosse, para ela era tudo muito bonito! Era admirável esta sua capacidade de ver tudo de uma forma positiva, tal qual a Pollyanna ! E era ainda mais impressionante as palavras que utilizava. Dizia que a luz tingia de verde a quinta e que a Anne dos cabelos ruivos pedia à cerejeira, chamada princesa da neve, que na primavera explodisse em flor.

A avó Maria era ainda louca por compras e estava sempre pronta a regatear um bom desconto. Uma vez até dissera: "ai, os filhos da mãe , usurários, mesquinhos e somíticos!",  quando se zangara por não descontarem nem um cêntimo.Nunca a tinha ouvido praguejar. Ela era doce e simpática e costumava repetir a felicidade é um chá contigo. E  era!!! Com saudades a cair no rosto, a neta lembrava-se de todos os detalhes e de todos os verões em que, na quinta da avó Maria, foi furiosamente feliz. Ali respirava-se o ar puro e a agitação dos aldeãos, cujos rostos enrugados mantinham estampada a expressão de como é bom trabalhar! Era, no entanto, uma vida demasiado dura, tão dura que o centenário que fugiu pela janela e desapareceu nunca mais apareceu! Deve ter imaginado que somos todos idiotas! Mas não a avó Maria, porque na sua sabedoria, algo pontiguada, dissera que o sino da islândia estaria escondido no campanário da igreja! Era mais um dos mitos urbanos e boatos! Que triste cena, e pensar que a avó Maria sabia mais do que dizia e que o centenário possuía mesmo esse sino, porém, era apenas uma cópia do simbolo tradicional da Islândia! Oh, meu Deus, onde será que ele estará? Era tão velhinho e deveria ter cem anos ou mesmo mais.Toda a gente sabia que a avó Maria não correspondia à sua paixão assolapada e, se a tivessem obrigado a casar, era mulher para entrar n´a loja dos suicídios. Não que ela se fosse matar, credo! Era o nome que dava à farmácia do bisavó, dado que, segundo ela, os remédios criavam mais doenças do que as que curavam.

A avó Maria tinha destas singularidades e um sentido crítico apurado. Costumava, ainda, criticar os jovens estudantes que passeavam os livros, só porque tinham juventude e esperança  de vir a ter um emprego bem remunerado. Referindo-se a eles como a geração mil euros da preguiça, nunca aceitou o destino da neta, nem a submissão às letras por causa de um gato. Ainda se escrevesses o livro dos baltimore!, dizia ela já perto do fim, agora só pensas em ser a miúda online como se isso pusesse pão na mesa! 

Logo, logo, não se lembrava do que tinha dito. A sua memória estava já a falhar e a neta folheava o álbum de verão para avivar as memórias da avó, um autêntico manifesto de como ser interessante. Numa das fotos, viam-se homens, em trajes de caça, todos contentes porque mataram a cotovia. Nessa época soou como mau presságio, mas estavam enganados, porque a minha mãe já estava em teu ventre

A desumanização só ocorreu depois, quando as pessoas de idade ficaram sozinhas. Os mais novos emigraram ou foram para as cidades. 

Nesse álbum, existiam, ainda, fotografias do bisavô, farmacêutico de profissão, e a avó Maria contava que ele gostava de criar remédios especiais e que acreditava na fórmula eu sou deus; e nem o projeto rosie o convenceu que procedia como um autêntico louco! Toda a sua vida procurou curar a avó Maria da sua doença de pele, em forma de rosácea, e fazia-a experimentar tudo e mais alguma coisa.

Estou para aqui a narrar tudo sobre a avó Maria mas o diário de edith tem o relato de tudo o que a avó lhe contou sobre o bisavó. Esse diário foi-lhe dado pela amiga genial e ela considerou essa dádiva como o melhor presente de todos. Nele escreveu a história de três gerações, com letra miúdinha, e na adolescência escreveu sobre o amor em tempos de cólera. Sentiu muita raiva da maestra por esta a impedir de namorar com o pianista mais lindo à face da terra, porém, encarou esse maldito karma como se fosse a avó Maria e acredita que ela agora sorri algures, superando qualquer sorriso maléfico da Magda...

Quem é que vinga quem?! Buahahahahahah...

 

Bem, agora é a minha vez de passar o papel à: 

Sara, se bem que, em jeito de desabafo, poderá não aceitar;

Patrícia, que irá dedicar toda a sua atenção aos melhores livros;

Ana, pelo sorriso que consegue arrancar;

Sandra dado que gosta de desafios;

Maria cujas memórias são baseadas na vida.

 

A todas muito obrigada, e espero que aceitem o repto !

 

 


20 comentários

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De Patrícia a 05.01.2017 às 09:01

Eheh, 
Eu faço isto há anos :) é o único balanço que faço uma vez que não ligo peva à quantidade de leituras e afins :). Que bom ver outras pessoas a fazer este exercício de imaginação
O de 2016 está no link abaixo:
http://ler-por-ai.blogs.sapo.pt/2016-em-livros-196305



(os dos anos anteriores podem ser encontrados através do arquivo, ou nos meses de Dezembro ou de Janeiro)
Boas leituras e gostei da tua história
Pat








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De Patrícia a 05.01.2017 às 09:07

Por curiosidade fui ver e já faço isto desde o início de 2012. Sempre fui um bocado maluca neste tipo de texto. E concluo que já ando nisto há muiiiiito tempo (estou a ficar velha, é o que é)  
http://ler-por-ai.blogs.sapo.pt/as-leituras-de-2011-104352
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De Editepf a 05.01.2017 às 09:21

Patrícia, eu bem me parecia que já tinha visto este desafio nalgum lado!!! É um exercício interessante à imaginação, sem dúvida. 
Boas leituras!
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De Editepf a 05.01.2017 às 09:22

Ainda bem que gostaste e que já te safaste duma!!! Image
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De Magda L Pais a 05.01.2017 às 09:11

Ahhhhhhh estiveste lindamente! adorei! parabéns!
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De Editepf a 05.01.2017 às 09:23

Obrigada, Magda. Buahhhhh para ti e ainda bem que me desafiaste e que gostaste!
Beijinhos
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De Maria Mocha a 05.01.2017 às 09:26

Adorei a forma como deste a volta ao desafio. Image
Quanto à parte que me toca, não sei quando o conseguirei fazer, mas tendo disponibilidade fá-lo-ei. Obrigada por te teres lembrado de mim. Beijinhos. 
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De Editepf a 05.01.2017 às 09:31

Tens ideias fantásticas, logo vai ser "canjinha" para ti! 
Diz quando  fizeres o post. Estou muito curiosa...
Obrigada. Beijinhos
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De Chic'Ana a 05.01.2017 às 11:58

Olá Edite, adorei a forma como fizeste o desafio! Está mesmo muito giro...
Bem, vou tentar honrar a minha parte.. tenho de fazer primeiro uma lista dos livros que li este ano, não vai ser fácil =)
Beijinhos
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De Narciso Santos a 05.01.2017 às 14:33

Os últimos que fizeram isso, lançaram o livro "A broa de Avintes".
Gostei de ler.
Boa sorte para as 5...
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De Editepf a 05.01.2017 às 21:13

Hã?! Fizeram o quêImage
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De Narciso Santos a 05.01.2017 às 21:20

Um livro escrito a várias mãos. Enganeime. O codigo d'avintes.
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De Editepf a 05.01.2017 às 21:22

ahahahah. E eu que fui pesquisarImage
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De Narciso Santos a 05.01.2017 às 21:23

My bad. É o codigo d'avintes. Muito fixe o livro.
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De Editepf a 05.01.2017 às 21:25

Não conhecia este. Parece interessante. Vou apontar na minha agenda. Obrigada.
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De Narciso Santos a 05.01.2017 às 21:32

Parvo engraçado.
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De Filipe a 05.01.2017 às 15:39

Parabéns pelo texto, está fantástico.
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De Editepf a 05.01.2017 às 21:09

Grata pelo apreço, Sr. Solitário. Gosto de ver um cavalheiro por cáImage
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De Mula a 05.01.2017 às 17:34

Que bela maneira de descalçar esta bota! ahahahahahahah muito giro, muito divertido.. Gostei muito! Image
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De Editepf a 05.01.2017 às 21:06

eheheheh... e houve quem me perguntasse hoje se o meu bisavó era farmacêutico! LOL
A única ponta de verdade é o início. eheheheheh...

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